Postado Sex Mar 08, 2013 4:43 pm
CARACAS, 8 Mar (Reuters) - Do iraniano Mahmoud Ahmadinejad ao cubano Raúl Castro, cerca de 30 chefes de Estado compareceram nesta sexta-feira ao funeral de Hugo Chávez para dar adeus ao carismático e controverso líder venezuelano, que mudou a cara da política na América do Sul.
Chávez morreu na terça-feira, aos 58 anos, após uma batalha de quase dois anos contra o câncer, devastando milhões de partidários, na maioria pobres, que o amavam por ter colocado a riqueza do petróleo a seu serviço, mas dando esperança aos opositores que o acusavam de ser um ditador.
Multidões de "chavistas", muitos carregando sua imagem ou vestindo camisetas com a imagem de seus olhos, tomaram as praças em torno de uma academia militar para onde o caixão do presidente foi levado depois de um cortejo pelas ruas da capital.
"Chávez não morreu, ele multiplicou", cantava a multidão, vestida na maioria de vermelho. "Chávez vive! A revolução continua!"
O corpo de Chávez será embalsamado e exibido "pela eternidade" em um museu militar -- semelhante à forma como os líderes
comunista Lenin, Stalin e Mao foram tratados após suas mortes.
Ele será velado por sete dias para acomodar os milhões de venezuelanos que ainda querem prestar as últimas homenagens a um homem que será lembrado como um dos líderes populistas mais controversos do mundo.
"Todas essas medidas estão sendo tomadas para que o povo possa estar com seu líder para sempre", disse o sucessor indicado por Chávez e presidente em exercício, Nicolás Maduro.
Maduro será empossado como presidente interino após o funeral desta sexta-feira.
Mais de 2 milhões de pessoas já visitaram o caixão de Chávez por trás de uma corda vermelha em uma grandiosa academia militar, muitas chorando e outras saudando o corpo do presidente.
Entre os líderes que foram a Caracas estão aliados próximos, como o presidente equatoriano, Rafael Correa, o líder cubano, Raúl Castro, e o presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad.
"Mais importante, ele saiu invicto", disse Raúl, referindo-se às quatro vitórias de Chávez em eleições presidenciais, entre uma série de outras vitórias eleitorais em 14 anos de governo. "Ele era invencível. Ele saiu vitorioso e ninguém pode tirar isso. Ele está na história."
DILMA VOLTA A BRASÍLIA
A presidente Dilma Rousseff, que viajou a Caracas na quinta-feira acompanhada do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, retornou nesta sexta-feira a Brasília após acompanhar o velório.
A presidente argentina, Cristina Kirchner, amiga próxima de Chávez, foi uma das primeiras autoridades a desembarcar na Venezuela após a morte. Ela retornou a Buenos Aires na quinta-feira e não participará do funeral desta sexta, de acordo com a mídia local.
Entre as celebridades que foram à cerimônia, destaca-se o ator e diretor norte-americano ganhador do Oscar Sean Penn e o maestro venezuelano Gustavo Dudamel, que chegaram juntos vestindo terno preto e óculos escuros.
O presidente de Belarus, Alexander Lukashenko, e Ahmadinejad estão entre as personalidades mais controversas. Ahmadinejad provocou polêmica em seu país ao dizer que Chávez ressuscitaria ao lado de Jesus Cristo e do imã "escondido" que os muçulmanos xiitas acreditam que se levantará para trazer a paz mundial.
Os Estados Unidos não enviaram nenhuma autoridade do alto escalão.
O ex-parlamentar dos EUA William Delahunt e o deputado norte-americano Gregory Meeks compareceram, em meio a especulações de uma possível reaproximação pós-Chávez entre os dois governos opostos ideológicamente.
"A demonstração de amor ao presidente tem sido incrível", disse o chanceler Elias Jaua. "É como se o mundo tivesse se reunido ao redor de Hugo Chávez."
Uma fonte governamental disse que Chávez entrou em coma na segunda-feira, e que a morte, na terça, ocorreu por insuficiência respiratória. O câncer havia se alastrado para os pulmões, segundo essa fonte.
Chávez nunca revelou que tipo de câncer o acometia, e, por razões de privacidade, preferiu fazer a maior parte do tratamento em Cuba.
NOVA ELEIÇÃO
Sua morte abre caminho para uma nova eleição no país, dono de uma das maiores reservas mundiais de petróleo. Não está claro, no entanto, quando essa votação acontecerá.
Muitos venezuelanos ainda não conseguiram superar a morte do líder e pensar no futuro.
Observando as milhares de pessoas que faziam fila para ver o corpo de Chávez no velório, Cesar Mendoza, de 28 anos, vendia fotos do presidente -- algumas dele fardado, antes e depois do câncer, outras em que ele aparecia com os irmãos Fidel e Raúl Castro.
"Sou chavista... Faço o que faço para que todos os compatriotas tenham o comandante em sua casa", disse ele, contando que vendeu 400 fotos e mais de 400 bandeiras venezuelanas em um só dia.
A Constituição estipula que uma eleição seja convocada em 30 dias, mas políticos dizem que as autoridades podem não estar preparadas para realizá-la, e já se fala em um adiamento.
Maduro, de 50 anos, ex-motorista de ônibus e sindicalista que se tornou chanceler e vice de Chávez, foi apontado em vida por Chávez como seu sucessor, e é visto como amplo favorito numa disputa eleitoral na qual seu rival deve ser o governador oposicionista Henrique Capriles, de 40 anos, que foi derrotado por Chávez na sua última eleição, em outubro.
Fontes de oposição dizem que os cerca de 30 grupos políticos que compõem a coalizão Unidade Democrática concordaram em apoiar Capriles, que teve 44 por cento dos votos no ano passado -- melhor resultado obtido por um candidato oposicionista contra Chávez.
Os partidários da oposição acusam Chávez e de ter criado divisões profundas na sociedade com seu estilo combativo e intimidador.
"Ele causou mais dano à Venezuela do que qualquer um. O país se quebrou em duas partes, cada uma odeia a outra. Chávez fez isso", disse o documentarista aposentado Cesar Caballero, de 66 anos, que passeava por um parque de Caracas.
Uma recente pesquisa de opinião indicou ampla vantagem de Maduro sobre Capriles, e diplomatas e investidores estrangeiros já trabalham com a hipótese de uma provável vitória do presidente interino e uma continuidade das políticas chavistas, ao menos em curto prazo.
Por Daniel Wallis e Andrew Cawthorne (Reportagem adicional de Simon Gardner em Caracas e Rosa Tania em Havana)
Chávez morreu na terça-feira, aos 58 anos, após uma batalha de quase dois anos contra o câncer, devastando milhões de partidários, na maioria pobres, que o amavam por ter colocado a riqueza do petróleo a seu serviço, mas dando esperança aos opositores que o acusavam de ser um ditador.
Multidões de "chavistas", muitos carregando sua imagem ou vestindo camisetas com a imagem de seus olhos, tomaram as praças em torno de uma academia militar para onde o caixão do presidente foi levado depois de um cortejo pelas ruas da capital.
"Chávez não morreu, ele multiplicou", cantava a multidão, vestida na maioria de vermelho. "Chávez vive! A revolução continua!"
O corpo de Chávez será embalsamado e exibido "pela eternidade" em um museu militar -- semelhante à forma como os líderes
comunista Lenin, Stalin e Mao foram tratados após suas mortes.
Ele será velado por sete dias para acomodar os milhões de venezuelanos que ainda querem prestar as últimas homenagens a um homem que será lembrado como um dos líderes populistas mais controversos do mundo.
"Todas essas medidas estão sendo tomadas para que o povo possa estar com seu líder para sempre", disse o sucessor indicado por Chávez e presidente em exercício, Nicolás Maduro.
Maduro será empossado como presidente interino após o funeral desta sexta-feira.
Mais de 2 milhões de pessoas já visitaram o caixão de Chávez por trás de uma corda vermelha em uma grandiosa academia militar, muitas chorando e outras saudando o corpo do presidente.
Entre os líderes que foram a Caracas estão aliados próximos, como o presidente equatoriano, Rafael Correa, o líder cubano, Raúl Castro, e o presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad.
"Mais importante, ele saiu invicto", disse Raúl, referindo-se às quatro vitórias de Chávez em eleições presidenciais, entre uma série de outras vitórias eleitorais em 14 anos de governo. "Ele era invencível. Ele saiu vitorioso e ninguém pode tirar isso. Ele está na história."
DILMA VOLTA A BRASÍLIA
A presidente Dilma Rousseff, que viajou a Caracas na quinta-feira acompanhada do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, retornou nesta sexta-feira a Brasília após acompanhar o velório.
A presidente argentina, Cristina Kirchner, amiga próxima de Chávez, foi uma das primeiras autoridades a desembarcar na Venezuela após a morte. Ela retornou a Buenos Aires na quinta-feira e não participará do funeral desta sexta, de acordo com a mídia local.
Entre as celebridades que foram à cerimônia, destaca-se o ator e diretor norte-americano ganhador do Oscar Sean Penn e o maestro venezuelano Gustavo Dudamel, que chegaram juntos vestindo terno preto e óculos escuros.
O presidente de Belarus, Alexander Lukashenko, e Ahmadinejad estão entre as personalidades mais controversas. Ahmadinejad provocou polêmica em seu país ao dizer que Chávez ressuscitaria ao lado de Jesus Cristo e do imã "escondido" que os muçulmanos xiitas acreditam que se levantará para trazer a paz mundial.
Os Estados Unidos não enviaram nenhuma autoridade do alto escalão.
O ex-parlamentar dos EUA William Delahunt e o deputado norte-americano Gregory Meeks compareceram, em meio a especulações de uma possível reaproximação pós-Chávez entre os dois governos opostos ideológicamente.
"A demonstração de amor ao presidente tem sido incrível", disse o chanceler Elias Jaua. "É como se o mundo tivesse se reunido ao redor de Hugo Chávez."
Uma fonte governamental disse que Chávez entrou em coma na segunda-feira, e que a morte, na terça, ocorreu por insuficiência respiratória. O câncer havia se alastrado para os pulmões, segundo essa fonte.
Chávez nunca revelou que tipo de câncer o acometia, e, por razões de privacidade, preferiu fazer a maior parte do tratamento em Cuba.
NOVA ELEIÇÃO
Sua morte abre caminho para uma nova eleição no país, dono de uma das maiores reservas mundiais de petróleo. Não está claro, no entanto, quando essa votação acontecerá.
Muitos venezuelanos ainda não conseguiram superar a morte do líder e pensar no futuro.
Observando as milhares de pessoas que faziam fila para ver o corpo de Chávez no velório, Cesar Mendoza, de 28 anos, vendia fotos do presidente -- algumas dele fardado, antes e depois do câncer, outras em que ele aparecia com os irmãos Fidel e Raúl Castro.
"Sou chavista... Faço o que faço para que todos os compatriotas tenham o comandante em sua casa", disse ele, contando que vendeu 400 fotos e mais de 400 bandeiras venezuelanas em um só dia.
A Constituição estipula que uma eleição seja convocada em 30 dias, mas políticos dizem que as autoridades podem não estar preparadas para realizá-la, e já se fala em um adiamento.
Maduro, de 50 anos, ex-motorista de ônibus e sindicalista que se tornou chanceler e vice de Chávez, foi apontado em vida por Chávez como seu sucessor, e é visto como amplo favorito numa disputa eleitoral na qual seu rival deve ser o governador oposicionista Henrique Capriles, de 40 anos, que foi derrotado por Chávez na sua última eleição, em outubro.
Fontes de oposição dizem que os cerca de 30 grupos políticos que compõem a coalizão Unidade Democrática concordaram em apoiar Capriles, que teve 44 por cento dos votos no ano passado -- melhor resultado obtido por um candidato oposicionista contra Chávez.
Os partidários da oposição acusam Chávez e de ter criado divisões profundas na sociedade com seu estilo combativo e intimidador.
"Ele causou mais dano à Venezuela do que qualquer um. O país se quebrou em duas partes, cada uma odeia a outra. Chávez fez isso", disse o documentarista aposentado Cesar Caballero, de 66 anos, que passeava por um parque de Caracas.
Uma recente pesquisa de opinião indicou ampla vantagem de Maduro sobre Capriles, e diplomatas e investidores estrangeiros já trabalham com a hipótese de uma provável vitória do presidente interino e uma continuidade das políticas chavistas, ao menos em curto prazo.
Por Daniel Wallis e Andrew Cawthorne (Reportagem adicional de Simon Gardner em Caracas e Rosa Tania em Havana)